2.4.12

Dia Internacional do Livro Infantil

Os contos são "fecundos e imortais", porque perduram no tempo, em especial os da tradição oral, lê-se na mensagem oficial do Dia Internacional do Livro Infantil, que hoje se celebra.

Até há cerca de um século os contos tradicionais só existiam na memória das pessoas e eram transmitidos oralmente, de pais para filhos.Hoje existem várias recolhas, escritas, datando a primeira de 1879, feita por Adolfo Coelho. Seguiram-se-lhe a de Teófilo Braga, a de Consiglieri Pedroso e outras.Mas durante muito tempo a grande recolha foi a de José Leite de Vasconcelos, editada postumamente. Essa recolha, Contos Populares e Lendas, reuniu cerca de 1100 textos, 634 dos quais contos.
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A formiga e a neve
Uma formiga prendeu o pé na neve.
“Ó neve, tu és tão forte que o meu pé prendes!”
Responde a neve: “Tão forte sou eu que o sol me derrete.”
“Ó Sol, tu és tão forte que derretes a neve que o meu pé prende!”
Responde o Sol: “Tão forte sou eu que a parede me impede.”
“Ó parede, tu és tão forte que impedes o Sol, que derrete a neve, que o meu pé prende!”
Responde a parede: “Tão forte sou eu que o rato me fura.”
“Ó rato, tu és tão forte que furas a parede que impede o Sol, que derrete a neve, que o meu pé prende!”
Responde o rato: “Tão forte sou eu que o gato me come.”
“Ó gato, tu és tão forte que comes o rato que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!”
Responde o gato: “Tão forte sou eu que o cão me morde.”
“Ó cão, tu és tão forte que mordes o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!”
Responde o cão: “Tão forte sou eu que o pau me bate.”
“Ó pau, tu és tão forte que bates no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!”
Responde o pau: “Tão forte sou eu que o lume me queima.”
“Ó lume, tu és tão forte que queimas o pau, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!”
Responde o lume: “Tão forte sou eu que a água me apaga.”
“Ó água, tu és tão forte que apagas o lume, que queima o pau, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!”
Responde a água: “Tão forte sou eu que o boi me bebe.”
“Ó boi, tu és tão forte que bebes a água, que apaga o lume, que queima o pau, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!”
Responde o boi: “Tão forte sou eu que o carniceiro me mata.”
“Ó carniceiro, tu és tão forte que matas o boi, que bebe a água, que apaga o lume, que queima o pau, que bate no cão, que morde o gato, que come o rato, que fura a parede, que impede o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!”
Responde o carniceiro: “Tão forte sou eu que a morte me leva.”

Do livro Contos Populares Portugueses de Adolfo Coelho, 1879.









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